O desenho como ferramenta de pesquisa

  • Nicolás Piérola Pontificia Universidad Católica de Valparaíso of Technology
  • Marcos Mortensen Steagall  (Translator) Auckland University of Technology
Palavras-chave: Consciência, criatividade, expressão, percepção, reflexão

Resumo

Todo desenho que vemos ou fazemos revela algo sobre o mundo. Ele pode nos falar sobre um momento, uma época, uma história, tanto quanto sobre quem o criou e como observamos o que nos cerca. Desenhar é tão inato quanto enxergar, pois ambos amadurecem junto com o desenvolvimento de nossas mentes. Sem desenhar, ou seja, sem entender as imagens como tais (o que as torna diferentes do que observamos e, ao mesmo tempo, o que as torna semelhantes), dificilmente desenvolveríamos a capacidade de ler ou escrever, pois as conexões que estabelecemos por meio do desenho são essenciais para esses processos. Ver algo é um processo imediato e automático. Ver algo profundamente requer tempo, requer consciência do que é visto. Em outras palavras, desenhar requer temporalidade, dar a si mesmo um momento. Desde nossa infância, ele exige isso e pode fazê-lo até o fim de nossas vidas. Como diz Arnheim, “toda percepção é também pensamento, todo raciocínio é também intuição, toda observação é também invenção”. Dessa forma, o desenho se torna uma prática transformadora, independentemente do campo para o qual é direcionado. Para dar alguns exemplos: Richard Feynman, o famoso físico, fez oficinas de desenho com modelos durante anos para transmitir conceitos complexos em diagramas tão simplificados quanto possível; Sylvia Plath encontrou no desenho um meio de expressão que complementava sua escrita: à medida que sua mão se movia pelo papel, sua mente se abria para novas possibilidades poéticas. Sempre em tensão com as outras esferas do conhecimento, mas também sempre em contínua interação, o desenho permite conectar o que nem sempre é evidente: ele torna visível o que não aparece em uma primeira reflexão, porque é uma extensão do processo reflexivo.

Biografia do Autor

Nicolás Piérola, Pontificia Universidad Católica de Valparaíso of Technology

Nicolás Piérola Fuentes, (1988), é formado em Arte e Educação, com especialização em Pedagogia das Artes Visuais. Leciona a disciplina “O Desenho e o Olhar. Seminário-Oficina” no Instituto de Artes da PUCV. Tem sido reconhecido por seu trabalho, sendo selecionado para o Guia 100 Artistas Visuais de Valparaíso em 2020, o XLI Concurso Nacional de Arte Jovem em 2019, e obtendo o segundo prêmio no Concurso de Arte Jovem do Museu Artequín no mesmo ano. Em 2012, ele recebeu uma bolsa para o workshop The Rhythm Project no Festival TSONAMI. Suas publicações incluem “The prehistory of drawing: a history of the hand” e “Art and merchandise. Las esferas del arte y del mercado del arte” na Revista Rizoma (2021), bem como a antologia de poesia ‘La letra se escribe con sangre’ (2020).

Marcos Mortensen Steagall, Auckland University of Technology

Marcos Mortensen Steagall es Profesor Asociado en el Departamento de Diseño de Comunicación de la Universidad Tecnológica de Auckland - AUT desde 2016. Ele é o Coordenador de Pós-Graduação em Design de Comunicação y Líder del Programa de Design de Comunicação e Design de Interação. Possui mestrado (2000) y doutorado (2006) em Comunicação & Semiótica pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo – PUC-SP, Sao Paulo, Brasil, y PhD em Art & Design pela Auckland University of Technology em 2019, em Aotearoa Nova Zelândia.

 

Publicado
2024-10-12