Co-projetando habitações coletivas para um futuro regenerativo: Lições de comunidades indígenas em Aotearoa-Nova Zelândia e na América do Sul

  • Priscila Besen Auckland University of Technology
  • Marcos Mortensen Steagall  (Translator) Auckland University of Technology
Palavras-chave: Conhecimento indígena, co-design, habitação coletiva, design regenerativo

Resumo

Desde que me mudei para Aotearoa-Nova Zelândia, tenho tentado aprender sobre a cultura Māori e entender como podemos incorporar valores de culturas locais e conhecimentos tradicionais nos projetos de nossos futuros ambientes construídos. Esses aprendizados me ajudam a repensar o projeto arquitetônico e a pedagogia em arquitetura não apenas aqui, mas também no meu país de origem, o Brasil, e no contexto sul-americano mais amplo. No contexto global de crises climáticas e ecológicas, o conhecimento indígena pode nos ajudar a aprender a viver com uma conexão mais próxima com o o meio-ambiente, a ter consciência do uso dos recursos naturais e a ser mais voltados para o coletivo. As perspectivas indígenas são importantes em nossa transição para um futuro regenerativo, no qual pretendemos ir além da sustentabilidade para criar impactos positivos na ecologia, saúde e sociedade. Nesse contexto, tenho trabalhado com uma equipe de pesquisadores da Auckland University of Technology e da Pontificia Universidad Católica de Valparaíso, no Chile, em um projeto que investiga práticas de "co-design" para desenvolver melhores modelos de moradia com comunidades indígenas. Os conceitos indígenas de "casa" e "lar" são multidimensionais e muitas vezes vão além dos ambientes físicos e sociais onde as pessoas vivem. Embora existam diversas culturas de povos originários em todo o mundo, os ideais fundamentais de "lar" são compartilhados entre muitas comunidades indígenas, como relacionamentos que conectam uma pessoa a tudo o que a cerca, conexões com outras pessoas, seres vivos, terras, ancestrais, histórias, idiomas e tradições. A maioria das opções de moradia nos países colonizados tendeu a promover valores de individualização, direitos de propriedade privada e unidades familiares nucleares; as políticas públicas de moradia e os projetos arquitetônicos foram muitas vezes impostos às comunidades indígenas com base em ideais não indígenas de boa moradia. No entanto, mais recentemente, esses valores originais e as formas coletivas de vida têm ressurgido em todo o mundo, com muitos exemplos bem-sucedidos de novas moradias coletivas projetadas em conjunto com as comunidades indígenas. Esta apresentação compartilhará os resultados dessa pesquisa realizada em Aotearoa-Nova Zelândia e América do Sul, que investiga soluções habitacionais contemporâneas projetadas em conjunto com comunidades indígenas. São explorados estudos de caso de diferentes países, e entrevistas com arquitetos revelam as principais lições aprendidas em práticas participativas com os residentes. As descobertas mostram diferenças e semelhanças em todo o Pacífico, destacando os principais princípios compartilhados que podem ser aplicados a todas as formas de moradia para um futuro regenerativo, como relacionamentos multigeracionais, conexão com o meio-ambiente, espaços e recursos compartilhados e iniciativas para criar um verdadeiro senso de comunidade. As lições aprendidas sobre os processos de "co-design" podem ser valiosas para arquitetos que trabalham com habitações coletivas no Sul Global e em outras áreas do mundo.

Biografia do Autor

Priscila Besen, Auckland University of Technology

Priscila is a Lecturer in Sustainable and Regenerative Architecture at AUT's Huri Te Ao School of Future Environments. Her research, teaching and practice aim to develop better design practices to create regenerative, healthy, liveable built environments for a post-carbon future. She undertook undergraduate studies in architecture in Brazil and the USA, and completed her Masters and PhD at the University of Auckland. She integrates life-cycle thinking into built environment design through her research on post-occupancy evaluation, co-design, life-cycle energy performance, adaptive reuse and retrofit. 

Marcos Mortensen Steagall, Auckland University of Technology

Marcos Mortensen Steagall es Profesor Asociado en el Departamento de Diseño de Comunicación de la Universidad Tecnológica de Auckland - AUT desde 2016. Ele é o Coordenador de Pós-Graduação em Design de Comunicação y Líder del Programa de Design de Comunicação e Design de Interação. Possui mestrado (2000) y doutorado (2006) em Comunicação & Semiótica pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo – PUC-SP, Sao Paulo, Brasil, y PhD em Art & Design pela Auckland University of Technology em 2019, em Aotearoa Nova Zelândia.

 

Publicado
2023-12-24