Residenciar a poética do convite: um processo coreográfico
Resumo
Esta pesquisa é uma prática coreográfica. É um exercício coreo-linguístico que se debruça sobre noções de linguagem, contexto e deslocamento como experiências de transição. Como uma jornada em direção a (e em torno de) casa/lar (home), este estudo transnacional se envolve com lógicas e posições teóricas da América Latina juntamente com Aotearoa (Nova Zelândia). Como parte da minha pesquisa de doutorado orientada pela prática, proponho um processo coreográfico elaborado em torno da noção de uma poética do convite. Nessa prática, as noções de relações entre anfitriã(o) e convidade, e o contexto de residências artísticas são dispositivos que orientam a discussão de questões sobre hospitalidade, a posição do "outro" e abordagens contra-coloniais para a prática da dança, curadoria e a localidade da arte/pedagogia. Para esta conferência, vou me concentrar na discussão de residências artísticas como terrenos curatoriais de ‘pertencimento’, em diálogo com práticas de curadoria contra-coloniais. Valorizando relações que se engajam em resposta a um território situado de modo ‘poli’ e plural, navego com o filósofo quilombola e a historiadora de quilombos Antonio Bispo dos Santos (2015) e Beatriz Nascimento (2018) para visualizar práticas curatoriais como experiências de confluência. Enfatizar ‘cura’ dentro da noção de curadoria é, entre outras coisas, chamar a atenção para o cuidado como prática operativa da eleição, que opera menos nos domínios da seleção e vibra mais por meio das noções de cura e encantamento - exercícios curativos de arranjar ‘familiaridade’ (make kin). Compartilharei como, ao encontrar nas residências artísticas um terreno fértil para explorar a poética dos convite, convidei (e respondi a convites de) uma série de pessoas - entre dançarines, não dançarines, artistas e não artistas - em contextos extremamente diferentes - escolas, bibliotecas, casas, igrejas, vilarejos, estúdios, ruas - e por motivos díspares, ou com focos muito distintos - estéticos, sociais, pedagógicos e assim por diante; e como essas experiências me levaram a aprender com as noções de aquilombamento, provocando-me a pensar em práticas curatoriais que valorizam os ecossistemas de cuidado, aprendizado, experimentação, conversação e cocuradoria como um re: parar de emparelhamento que experimenta por meio da sensação de pertencimento com o lugar, o tempo e as relações por meio da biointeração e da cosmofilia.
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