Dessocons: quando o design é o outro (de muitos outros)

  • Alfredo Gutierrez Borrero Universidad de Bogotá Jorge Tadeo Lozano
  • Marcos Mortensen Steagall  (Translator)
Palavras-chave: Designs-outros, Design decolonial, Design indígena, Design pluriversal, Dessocons

Resumo

Esta palestra discute a necessidade de quebrar o campo gravitacional ontológico, cosmológico, etimológico e epistemológico (de fato, todos os tipos de "-lógico") do design como uma forma moderna e totalizante de converter (e incidentalmente, devorar) em adjetivos, a partir da mesma palavra, todas as práticas criativas de materialidade de todos os grupos humanos (design indígena, design pluriversal, design descolonial, design autônomo, etc.). A razão por trás desta posição é que dentro das línguas de muitos destes grupos humanos policardinais (vindos de todas as direções, melhor que os não ocidentais), as palavras "design", "projeto" e "prática" não invocam nada. Dessobons são apresentados, como uma generalização intra-acadêmica para chamar respeitosamente o conjunto das "práticas" intraduzíveis e impluralizáveis que em diversos grupos humanos cumprem uma função como a que o design tem dentro do pensamento e da ação da tradição ocidental da qual nasceu. Isto é criado para deixar de ver tais "práticas" como "outras" de design (não "outros designs", e nem mesmo "designs-outros") e começar a ver o design como a outra de tais práticas. Desenho como a outra de muitas outras formas de alteridade. O caminho dos Dessobons representa uma fuga, um vôo do design em 3 direções, primeiro o sul como o conjunto de esquecimentos, rejeições, desprezos e inclusões-dissoluções, de visões que localizam o norte e o oeste acima e deixam para o sul e o leste uma condição secundária. No plural, pensado como "suis", se deriva para o sul da idéia de design, de vários autores e sabedorias que encontram no sul formas de dar conta de ligações com a alteridade que não respondem aos modos de ordenação da cultura dominante que, de fato, se revela ser a única. A segunda direção de vôo é a do outro, o questionamento da monologia que subjaz a toda monocultura, descreve a trajetória de superação da propensão a cobrir a alteridade com regimes de significação externa. A idéia da toxicidade do design (designtoxicidade) e a toxicidade dos dados (datatoxicidade) são introduzidas aqui, para lidar com o automatismo acrítico da repetição de formas de generalização que não atendem à especificidade ou às particularidades de territórios, lugares e comunidades. A última direção do vôo é a de outros nomes: o que durante meu trabalho de doutorado chamei de design com outros nomes, mas que no final acabam sendo nomes para "práticas" semelhantes e ao mesmo tempo diferentes do design, que poderiam ser equiparados a ele sem ser (portanto, equialtervalentes a design), práticas com outros nomes para os quais design é o outro. A idéia de designorância (tudo que o design ignora) é introduzida aqui para abordar, em um problema de organização do conhecimento, formas de criação irredutíveis àquelas métricas com as quais o conhecimento acadêmico, sempre inclinado a impor seus termos de comparação, se projeta sobre o que muitas vezes ele nem sequer tenta compreendernem. A intenção por trás desta fuga do design para os Dessocons é permitir o caminho para a co-evolução desclassificada e desclassificadora de uma diversidade de possibilidades criativas heterogêneas e imensuráveis, sem afiliá-las ao domínio de um termo matricial (design) ou moldá-las ou modelá-las a partir dele.

Biografia do Autor

Alfredo Gutierrez Borrero, Universidad de Bogotá Jorge Tadeo Lozano
Alfredo Gutiérrez Borrero currently works at the academic area of product design in the Facultad de Artes y Diseño, Universidad de Bogotá Jorge Tadeo Lozano. He has a PhD in Design and Creation, Universidad de Caldas, Manizales, Colombia. Alfredo does research in indigenous thought, declassification of knowledge, decoloniality and southern epistemologies. Their most recent publication is Dessobons and archaeodesign.
Publicado
2022-12-31