Projetando para a Interdependência: Uma Poética do Relacionamento
Resumo
A apresentação dá uma visão geral do livro Projetando para a Interdependência: Uma Poética do Relacionamento, que trata da prática de projetar e da capacidade do design de se relacionar (ou não) com seres de todos os tipos, humanos e outros, de maneiras que afirmem a vida. Sensível aos diferenciais de poder e à responsabilidade que isso acarreta, o autor desenvolve a noção de alternativas, conceito que expõe a alteridade das coisas artificiais e o potencial dessas coisas para participar da sustentação dos ambientes. A noção de alternativas indica a alteridade de uma coisa, sua própria estranheza aos ambientes por ser artificial, fabricada por humanos. Exige pensar como algo altera as relações com aqueles que vivem em um ambiente, como os torna diferentes de alguma forma. Sugere a possibilidade de que esses ‘outros’ (alteridade) possam entrar em um processo de ‘nativização’, se forem concebidos dentro das condicionantes ecológicas e biológicas dos locais particulares onde serão utilizados. Finalmente, a noção de alternativas não explica, não explica; exige respostas, as implicações precisam ser desdobradas, rastreadas, mantidas. As alternativas enfatizam a vulnerabilidade para se tornarem afirmativas da vida. O livro imerge o leitor em uma poética do relacionamento, uma prática semiótica de inter-relacionar humanos, coisas artificiais e outras espécies não humanas, uma prática de design que pode nos tornar mais explicitamente dependentes da vida e da comunicação entre as espécies, um design para a interdependência que pode apoiar o rewilding necessário que deve acontecer se quisermos contribuir para a estabilização da dinâmica planetária e a afirmação da diversidade cultural e biológica. Ao desafiar o antropocentrismo por meio do design, uma prática emerge do questionamento do domínio humano e, assim, uma poética do relacionamento é desenvolvida por meio de um desapego do controle, reconhecendo necessidades e capacidades não humanas. Nesse sentido, o livro é sobre controle, pelo menos na medida em que um humano pode abrir mão do controle ao projetar algo que afirme sua vida. Evitando o pensamento dualista e as dicotomias dano-benefício, construção-destruição, natural-artificial e vida-morte, o autor segue o trabalho de cuidar de como nossa matéria através do design se torna construtiva e destrutiva em ecologias mais do que humanas.
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