Além da Torre de Marfim: questionamento conduzido pela prática e pesquisa pós-disciplinar

  • Welby Ings Auckland University of Technology
  • Marcos Mortensen Steagall  (Translator) Auckland University of Technology
Palavras-chave: Design, hybrid artefacts, postdisciplinarity, practice-led research, short film

Resumo

Esta proposta considera as relações entre as práticas profissionais e pós-disciplinares na medida em que se relacionam com a pesquisa em design conduzida pela prática. Quando vistos através de lentes territoriais, os artefatos e sistemas que muitos designers desenvolvem em universidades podem ser considerados híbridos porque atraem para sua composição e contextos diversos campos disciplinares. Processualmente, o discurso parte de uma discussão sobre a maneira como as designações disciplinares, originadas na secularização das universidades alemãs no início do século XIX, tornaram-se o modelo de quanto conhecimento é processado atualmente na academia. Examina-se como essas demarcações de pensamento, que incluíam linguagens e literaturas não clássicas, ciências sociais e naturais e tecnologia, foram interrompidas nas décadas de 1970 e 1980, por disciplinas baseadas em identidades que cresceram dentro das universidades. Estas incluíram estudos de mulheres, lésbicas, gays e grupos étnicos. No entanto, de igual importância durante este período foi a chegada de disciplinas profissionais como design, jornalismo, enfermagem, gestão empresarial e hospitalidade. Significativamente, muitas dessas profissões trouxeram consigo valores e processos associados à pesquisa centrada no usuário. Moldados pela necessidade de responder de forma rápida e eficaz às oportunidades, os profissionais estavam acostumados a aproveitar e integrar o conhecimento livre de demarcações disciplinares ou profissionais. Por exemplo, se um estúdio de design exigisse a contribuição de um formulador de políticas do governo, um advogado de patentes e um engenheiro, este estúdio estaria acostumado a trabalhar de maneira flexível com diversos domínios do conhecimento na busca de um resultado eficaz. Além disso, essas profissões também empregaram diversas formas de investigação conduzida pela prática. Com base em altos níveis de experimentação, reflexão ativa e conhecimento profissional aplicado, essas abordagens desafiaram muitas pesquisas e convenções disciplinares dentro da academia. Embora a investigação conduzida pela prática, argumentada como uma forma de prática pós-disciplinaridade, seja um conceito relativamente novo (Ings, 2019), pode estar associado à observação de Wright, Embrick e Henke (2015, p. 271) de que “estudos pós-disciplinares emergem quando os acadêmicos se esquecem das disciplinas e as ideias podem ser identificadas com alguma em particular: eles se identificam com a aprendizagem e não com as disciplinas”. Darbellay vai mais longe, ao enxergar a pós-disciplina como um repensar essencial do conceito de disciplina. O autor sugere que quando os acadêmicos se posicionam fora da ideia de disciplinas, eles são capazes de “construir um novo espaço cognitivo, no qual não se trata mais apenas de abrir fronteiras disciplinares por meio de graus de interação / integração, mas de desafiar fundamentalmente o fato óbvio da disciplinaridade”(2016, p. 367). Esses autores argumentam que, a pós-disciplina propõe um profundo repensar não só do conhecimento, mas também das estruturas que o cercam e sustentam nas universidades. No campo do design, essas abordagens não são desconhecidas. Para ilustrar como a pesquisa conduzida pela prática em design pode operar como uma investigação pós-disciplinar, este trabalho emprega como estudo de caso o curta-metragem Sparrow (2017). Ao fazer isso, descompacta-se a maneira como o conhecimento, de dentro e além dos campos disciplinares convencionalmente demarcados, foi reunido, interpretado e sintetizado criativamente. Aqui, sem restrições por demarcações disciplinares, um artefato projetado surgiu por meio de uma fusão de pesquisa que integrou história, medicina, desenvolvimento de software, políticas públicas, poesia, tipografia, ilustração e produção cinematográfica. 

Biografia do Autor

Welby Ings, Auckland University of Technology

Professor Ings is a disobedient thinker. An internationally renowned speaker and educational reformer, he sees productive disobedience as behaviour that pushes our thinking and action into new and unconsidered realms. Specifically, he questions our anxious micromanaging of thought and our preoccupation with tick box assessment. In 2017, his best-selling book Disobedient Teaching became influential in the reconceptualisation of New Zealand education.

Although Professor Ings is an award-winning author, he is also a designer and director. His interest in film as a story-telling medium has seen his three short films Boy, Munted and Sparrow selected for numerous international film festivals including Cannes. Boy was shortlisted for the 2006 Academy Awards.

Professor Ings believes that scholarship is by its very nature, creative. He sees creativity as part of normal human thought. With designers its quality lies in the fact that creativity is not used to prove ‘truth’. He says “We don’t seek the truth when we design; we seek to find elegant and appropriate answers.” He does not see teaching as dissemination of knowledge, rather, it is creating an environment for learning. Effective learning, he says, involves ongoing, intelligent, disobedient acts that help to move knowledge beyond the constraints of formula.

Professor Ings completed his PhD in 2005 on the structure and profiles of narrative music videos and television commercials. He is a fellow of the Royal Society of Arts (UK), a member of the Designers’ Institute of New Zealand, the New Zealand Screen Directors’ Guild.

In 2002, he received the Prime Minister’s Award for Tertiary Teaching Excellence and the NZ Government Award for Sustained Tertiary Teaching Excellence. In 2013 he was awarded the inaugural AUT medal for his contribution to learning and research.

Professor Ings takes his position as critic and conscience of society very seriously and isn’t afraid to deal with knowledge and issues that are underrepresented. His research and design has seen him tackle the history of the culture of male prostitution, homosexual law reform, mental health and marginalised thinking.

He reviews for a number of national and international funding agencies, including Creative New Zealand. His research also covers the historical metamorphosis of underground languages, methodological approaches to creative practice in higher research degree education, the reconceptualisation of doctoral research, and the role and nature of storytelling as academic inquiry.

Welby Ings speaking at the LINK 2021 Conference
Publicado
2021-12-31