Água, sustentabilidade e poética nas obras do grupo cAt.

  • Soraya Braz Universidade Estadual Paulista
  • Rodrigo Dorta Universidade Estadual Paulista
  • Caio dos Santos Universidade Estadual Paulista
  • Fernando Fogliano Universidade Estadual Paulista
  • Renato Hildebrand Pontifícia Universidade Católica de São Paulo
  • Bárbara Milano Universidade Estadual Paulista
  • Fabio Nunes Universidade Estadual Paulista
  • Tiago Rubini Universidade Estadual Paulista
  • Milton Sogabe Universidade Anhembi Morumbi
  • Marcos Steagall  (Translator) Auckland University of Technology

Resumo

Desde 2015, o grupo de pesquisa cAt (ciência, arte, tecnologia) do Instituto de Artes da UNESP (Universidade Estadual Paulista) vem refletindo sobre as produções arte-tecnologia, que levantam preocupações sobre a sustentabilidade relacionada às fontes de energia e possibilidades alternativas de geração de energia sem o uso direto de computadores e aparatos tecnológicos complexos, mantendo aspectos relevantes das obras digitais interativas, como o uso da tecnologia, a interação com o público e uma visão sistêmica. Estas preocupações foram introduzidas inicialmente na produção da obra “Sopro”, iniciada em 2015, que é uma obra interativa impulsionada pela participação do público por meio da força de um sopro de vento em um cata-vento. Este trabalho baseia-se na utilização de um sistema tecnológico simples, buscando a dimensão poética do ato de soprar e princípios científicos primários. Com o desenvolvimento deste trabalho, o grupo buscou a possibilidade de criar uma série de trabalhos focados nas preocupações com a sustentabilidade com uma dinâmica de interação original, criando, assim, novos sistemas e obras em que o corpo do público passa a ser a fonte de energia. Neste contexto, não só as obras resultantes são importantes, mas, principalmente, o processo criativo, no qual os artistas focam suas inquietações e pesquisas nas questões socioambientais, assumindo, assim, uma nova visão de mundo, buscando novas atitudes, novas relações com os indivíduos e comunidades envolvidas nesse processo, transformando seus modos de vida e materializando-os em arte. Neste artigo, apresentamos as obras que fazem parte do tríptico, sendo que cada uma das obras tem um aspecto diferente, mas relacionado com as outras. As obras são apresentadas nos formatos esférico, cúbico e cilíndrico. A relação física do público com a obra se dá por meio de uma atividade corporal, sendo soprar, tocar e movimentar uma parte da peça. A água está sempre presente, mas em um estado físico diferente em cada um, fazendo parte do sistema tecnológico e da construção poética. Neste artigo enfocamos o elemento água, embora outros aspectos tecnológicos e simbólicos estejam presentes nas obras. Na obra “Sopro”, no estado líquido, a água representa o contexto em que surge a vida. No segundo trabalho, “Toque”, no estado sólido, a água atua como parte do processo tecnológico, em parceria com o contato humano, com o contraste quente e frio para geração de energia. E na terceira obra, “Gesto”, a água representa a parte simbólica da obra, relacionada à passagem da água do estado líquido para o gasoso, como a condensação que ocorre no processo de chuva.

Publicado
2021-12-04