Você não pode chegar lá a partir daqui: descobrindo onde começar uma investigação conduzida pela prática - notas e reflexões da Tailândia

  • Nigel Power King Mongkut's University of Technology Thonburi, School of Architecture and Design
  • Marcos Steagall  (Translator) Auckland University of Technology

Resumo

Na Tailândia, é comum que estudantes de arte e design selecionem um tópico de pesquisa antes de iniciar seus estudos de mestrado. Com base nessa escolha, espera-se que os alunos — se aceitos — pesquisem, produzam e defendam um corpo substancial de trabalho criativo sobre seus tópicos. Subjacente a esta abordagem, está a suposição de que a seleção de tópicos é um momento relativamente não problemático no desenvolvimento de um projeto criativo. Neste estudo, argumento que o oposto é o caso, e que investir tempo, energia e recursos para ajudar os alunos a descobrir tópicos relevantes, significativos e originais — em vez de evocá-los do nada ou recorrer a abordagens habituais para a prática criativa — estabelece as bases para relevância, significado e originalidade nos próprios projetos. Isso é, creio eu, verdadeiro para todos os projetos de pós-graduação somativos em arte e design, mas é particularmente verdade em investigações conduzidas pela prática, onde um peso maior é necessariamente dado à produção de insights sobre as relações complexas e, muitas vezes, conturbadas, entre a prática criativa e a produção de conhecimento. Na Universidade de Tecnologia de King Mongkut MfA em Comunicação Visual, abordamos esta questão através de um período de um semestre de trabalho intelectual e prático intensivo que precede a seleção dos temas. No centro disso está uma série de exercícios de estúdio que estabelecem e estruturam encontros críticos e materiais entre a pesquisa e a prática. Começamos com uma reflexão crítica sobre as coisas que são importantes para o aluno dentro e fora de sua prática — suas "preocupações". Desenhar e elaborar preocupações é, surpreendentemente para muitos, uma tarefa difícil e, às vezes, preocupante. No entanto, quando bem feito, ele produz um delicado tecido linguístico e conceitual que conecta o pessoal, o social e o profissional e, ao fazê-lo, estabelece um campo de ideias dentro do qual os pontos de partida para uma investigação significativa conduzida pela prática podem começar a se revelar. Com um pequeno conjunto de questões de trabalho em mãos, convidamos os alunos a desenvolver duas linhas de investigação de fertilização cruzada. Transformar preocupações em perguntas convida à discussão de uma variedade de formas e meios de busca de respostas e, por meio dessa consideração, de diferentes tradições epistemológicas e metodológicas ou formas de conhecimento. Da mesma forma, perguntar "quem mais busca respostas para essas perguntas?" convida à identificação de teóricos e profissionais que podem figurar no aparato conceitual que irá enquadrar a investigação. Acima de tudo, responder a preocupações e questões por meio da produção criativa experimental convida os alunos a confrontar as implicações de reimaginar suas práticas criativas como formas de investigação e, em particular, a se envolver diretamente com uma problemática no cerne das abordagens de pesquisa conduzidas pela prática, o estatuto epistemológico relativo das operações linguísticas (proposicionais) e materiais (afetivo-estéticas) — as relações entre palavras e obras. Estas atividades servem para nutrir tópicos de pesquisa significativos e direções de investigação, que são baseadas no envolvimento com ideias e processos fundamentais centrais para a pesquisa conduzida pela prática e baseada na prática. Ilustro esta abordagem discutindo duas respostas dos alunos e reflexões sobre como trabalhar para um ponto de partida desta maneira.

Publicado
2021-12-04