Descolonizando a recitação de imagens

  • Priyanka Jain RMIT University, Melbourne
  • Marcos Steagall  (Translator) Auckland University of Technology

Resumo

A recitação de imagens é a arte de contar histórias em verso, acompanhada por um acessório visual, como uma pintura em pergaminho ou uma tapeçaria. Numerosas práticas de recitação de imagens eram ativas na Índia, mas sofreram durante a colonização pelos britânicos de várias maneiras. A sutil censura vitoriana do tema do erótico expresso nas narrativas religiosas (que formavam a maior parte do gênero de recitação de imagens), o apagamento da oratura como primitiva, o rebaixamento das práticas de recitação de imagens como arte popular e a divisão entre imagens (objeto e adereços que podem ser exibidos em museus) e recitação (aspectos performativos que não poderiam ser facilmente museificados), enquanto enchia museus europeus com artefatos coloniais, infligiu enormes danos às tradições vivas de recitação de imagens na Índia. Minha pesquisa, conduzida pela prática, busca descolonizar a recitação de imagens para desfazer estes danos. Seguindo o apelo de Walter Mignolo para desvincular-se da hegemonia ocidental, procuro destacar (em vez de noções europeias de beleza e estética) teorias indianas clássicas de afeto (de cerca de 300 d.C.), que podem produzir prazer estético no espectador. Assim, usando a teoria Rasa indiana clássica, bem como a subversão, eu crio narrativas contemporâneas para recitação de imagens usando fatos empíricos de pesquisas científicas (Neurociência, Microbiologia, Fitoquímica e Meteorologia) que são auxiliadas por adereços visuais feitos por amalgamação da estética da pintura em miniatura indiana medieval também como ilustração médica contemporânea. Uma pesquisa conduzida pela prática é o único método para resgatar a prática da recitação de imagens, assim como a prática contemporânea das neo-miniaturas resgatou o gênero das pinturas em miniatura da classificação do kitsch oriental. Ao investir em temas eróticos e oratura, bem como reunir imagem e recitação, espero remover os efeitos adversos da colonização de alguns gêneros de artes indianas. Concretamente, minha prática visa contemporizar a poesia sânscrita erótica clássica, que existe desde 1.000 a.C., compondo poesia erótica que incorpora pesquisa científica e criando composições de imagem e texto, como antes eram encontradas nas miniaturas indianas medievais. A segunda abordagem visa reviver a recitação de imagens usando um arquétipo indiano clássico de uma heroína que sai para encontrar seu amante enfrentando graves perigos e contemporizando-o com a leitura de neurociências. Por meio da prática, descubro minhas memórias corporais que vêm à tona durante a performance; o papel da respiração na voz; como a imagem, o texto, a voz e a performance influenciam uns aos outros iterativamente; e como o efeito é transferido através da performance para o espectador. Por meio da prática, estabeleço um campo mais amplo para os recém-chegados com maior vigor e validade do que, simplesmente, fazer eco a um apelo teórico à descolonização. A uma apresentação da recitação da imagem, será incorporado um vídeo de dez minutos.

Publicado
2021-12-05