Desenvolvimento curricular e design multimídia na amazônia brasileira: um estudo de caso de um curso superior com especialização em produção multimídia

  • Isis Antunes UFPA Federal University of Para
  • Marcos Steagall  (Translator) Auckland University of Technology

Resumo

O curso de graduação em Tecnologia de Produção Multimídia da Universidade Federal do Pará (UFPA) teve início em 2013, com uma captação anual de 26 alunos admitidos por meio de um processo seletivo altamente competitivo para oferecer o tão sonhado ensino público gratuito no Brasil. O curso está localizado em um ambiente cultural e geográfico sui generis, próximo ao rio Amazonas e à floresta. O povo Marajó vive na região há 3.500 anos e possui conhecimento avançado em compostos medicinais naturais, cerâmicas e tinturas, cultura que permanece na olaria marajoara. Seu Projeto Pedagógico, como são denominados os currículos dos cursos na educação brasileira, ainda em vigor, engloba componentes que se estendem por quatro semestres, com aulas presenciais que ocorrem no período noturno. O perfil dos alunos costuma ser de jovens que trabalham durante o dia e vão para a universidade estudar à noite, realidade comum a muitos brasileiros. A licenciatura é classificada como um grau superior tecnológico, que prepara os alunos para a indústria, fomentando-lhes competências que se concentram na área do design multimídia. O currículo é englobado pelas demandas mais fundamentais da sociedade e seus problemas, e visam produzir inovação em todas as instâncias acadêmicas, incluindo ensino e aprendizagem, pesquisa e extensão. Desta forma, o ambiente amazônico em que se situa o Estado do Pará, com suas especificidades geográficas, históricas, sociais, culturais e artísticas, naturalmente impacta a preparação dos trabalhos de conclusão de curso dos alunos. O curso passou por um redesenho completo para responder às transformações e avanços da tecnologia nas sociedades contemporâneas. A atualização do curso foi realizada por um grupo colegiado de funcionários da Faculdade de Artes Visuais, com entrada em vigor prevista para 2022. Esta apresentação desenvolve três projetos no âmbito desta licenciatura, cujos temas articulam preocupações sobre os problemas encontrados na sociedade amazônica. A obra Terra Firme Digital (Morais, Nazareth & Oliveira, 2016) propôs desenvolver uma plataforma colaborativa entre os moradores do bairro Terra Firme com a divulgação de murais de seus projetos para abrir um diálogo com todos os envolvidos. O trabalho Jensino (Medeiros, 2019) apresentou uma proposta de plataforma de gamificação para auxiliar no aprendizado da língua Parkatêjê para uso pela comunidade indígena, que vem perdendo essa tradição linguística. A obra Warao: Uma Viagem de Sobrevivência (Alves, Almeida, Santos & Ramos, 2021) apresentou um documentário sobre a saga de venezuelanos em busca de melhores oportunidades de vida, e a obra Quilombo Conectado: uma Identidade Visual, de Tayanne Sanches e William Rosa, focou na construção de uma identidade visual para um projeto de capacitação digital permanente para a comunidade quilombola (remanescente de um grupo étnico-racial formado por descendentes de escravos fugidos durante o período da escravidão no País).

Publicado
2021-12-05