Autopoiese, enativismo e aprendizagem do aluno: um modelo ecológico

  • Stanley Frielick Auckland University of Technology
  • Marcos Steagall  (Translator) Auckland University of Technology

Resumo

O artigo é uma proposta de contribuição para o LINK 2021 Special Track, informando o design e a pesquisa conduzida pela prática da epistemologia da escola de cognição de Santiago. Apresenta um modelo ecológico geral de aprendizagem do aluno no ensino superior, tecendo diferentes fios da pesquisa de aprendizagem do estudante, o trabalho de Bateson sobre a ecologia da mente e os conceitos de autopoiese e enativismo que emergem do trabalho de Maturana e Varela na escola de Santiago. O artigo tem como ponto de partida a pesquisa seminal sobre abordagens profundas e superficiais para a aprendizagem do aluno, desenvolvida inter alia por Marton, Biggs, Ramsden, Prosser & Trigwell durante os anos 80 e 90. Enquanto outros entendimentos neoliberais da aprendizagem do aluno, como “engajamento” ou “empregabilidade” tendem a dominar o discurso atual, a literatura profunda/superficial ainda é amplamente citada e forma a base de muitos cursos no ensino superior. O que é menos explorado são as maneiras pelas quais a pesquisa de aprendizagem profunda/superficial ressoa com as visões ecológicas de Bateson sobre a mente e o aprendizado, e a ideia da mente corporificada desenvolvida a partir do trabalho pioneiro de Maturana e Varela. Essa pesquisa também surgiu nas décadas de 80 e 90. Traçando os padrões que conectam estas ideias anteriores com os avanços atuais na cognição 4E e biossemiótica, o artigo desenvolve um modelo ecológico de aprendizagem do aluno com base em conceitos de não linearidade, emergência, complexidade, incorporação, cognição como biológica, aprendizagem como investigação dialógica, comunidades de aprendizagem e prática e as influências de formação do poder que circulam por meio de redes de informação. O modelo retrata visualmente um processo de aprendizagem informado por princípios-chave: • Tanto o agente cognitivo quanto tudo o que está associado estão em fluxo constante, cada um se adaptando ao outro da mesma forma que o ambiente evolui simultaneamente com as espécies que o habitam. • A aprendizagem (e também o ensino) não pode ser entendida em termos monológicos; não há relação causal direta, linear e fixável entre os vários componentes de qualquer comunidade. Em vez disso, todos os fatores que contribuem para qualquer situação de ensino/aprendizagem estão intrincadas, ecológica e complexamente relacionados. • Cognição não é, portanto, a representação passiva de um mundo preexistente "lá fora", mas, sim, a contínua criação ou representação de um mundo por meio dos processos biológicos da vida. • Aprender/ensinar é um processo de significação mútua — o aluno e o professor trazendo um mundo juntos. • A cognição não está localizada nas abstrações de uma consciência individual descontextualizada, mas, sim, nos processos de ação compartilhada. • O conhecimento não está separado do mundo, mas inserido nele em uma série de sistemas inter-relacionados. • O self individual é, assim, constituído em uma rede de relações. • Enativismo é uma epistemologia ecológica, onde a mente individual é uma propriedade emergente de interações entre organismo e ambiente. • Uma visão ativista da ecologia de ensino/aprendizagem vê professores e alunos inseridos em um sistema dinâmico de relações entre pessoas, informações, conhecimento e as estruturas e processos institucionais que formam o contexto de aprendizagem. O sistema atua para gerar conhecimento, transformando informação em entendimento.

Publicado
2021-12-05