A Casa de Marlene

  • Suely Nascimento UFPA Federal University of Para
  • Marcos Steagall  (Translator) Auckland University of Technology

Resumo

Este artigo apresenta a pesquisa “A Casa de Marlene”, que venho desenvolvendo no meu doutorado em Artes, Programa de Pós-Graduação em Artes, Instituto de Ciências da Arte, Universidade Federal do Pará, desde 2018. Uma extensão da pesquisa que produzi no mestrado em Artes, na mesma instituição de ensino superior, de 2016 a 2018. É uma poética construída a partir da memória familiar e afetiva, em que fotografia, vídeo, som, escrita, olfato, paladar, tato e sentimento se fundem — e integra a linha de pesquisa 1, da poética e dos processos de atuação nas artes, na linguagem artística das artes visuais. O objetivo geral é desenvolver um projeto poético e montagem de instalações com fotografia-vídeo-som-escrita, discos da casa da minha mãe. Bem como pensar-refletir sobre o meu próprio caminho e construir o memorial em que conto sobre o processo criativo da obra. Ao longo da minha carreira, como artista-pesquisadora, conversei com artistas como Claude Monet, Leonardo da Vinci e Hélio Oiticica; e com teóricos como Jean Lancri e Pedro Vasquez, na metodologia; Allan Sekula, em fotografia; Rosalind Krauss, na instalação; Renato Cohen, em performance; Philip Auslander, na documentação de performance; Sérgio Basbaum, na sinestesia; Allan Kaprow, na arte e na vida; Glória Ferreira e Cecília Cotrim, na escrita da artista; e Sonia Rangel, no processo criativo. Como metodologia pessoal, crio um jardim mesclado com as minhas memórias do jardim da casa onde morei, onde desenvolvo a instalação e o memorial. É neste lugar que experimento, leio, pesquiso, edito a fotografia-vídeo-som-escrita, reflito sobre a minha trajetória de vida e o que nela me toca, e escrevo os textos de pesquisa. Durante as aulas, nos estudos prático-reflexivos, fui construindo minha poética, experimentando instalações na própria sala de aula. Um deles, relacionado à cozinha da casa onde morava, experimentei dois assuntos, inclusive a experiência do café com colegas de classe. Cada camada da instalação é percebida no processo criativo da obra de arte. E, a partir do que percebo na minha poética, desenvolvo conversas com a História da Arte, e tenho concebido textos, que chamei de escritos do artista. Com as letras, palavras, frases e reflexões, escrevo o que pensei/penso sobre a geometria, as dimensões, o espaço, o quarto da casa e a partilha à volta de uma mesa de jantar. As camadas poéticas construídas no caminho criativo são inúmeras e, no fragmento da instalação, apresento vestígios que estão em mim, no jardim, no quarto, na cozinha e no quintal, onde vivi uma vida na casa da minha mãe.

Publicado
2021-12-05